quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Histórias: Apaixonado por trator

- A reforma de um trator, carro ou caminhão antigo, não nos dá como resultado somente o trabalho final, a reforma terminada. Durante a reforma e depois dela continuamente, fazemos amizades com mecânicos, pintores, borracheiros, eletricistas, e principalmente pessoas interessadas pelas máquinas antigas, e isso é certamente o melhor resultado final que podemos ter!

- Foi durante a reforma do trator Ursus que conheci o sr. Osires da cidade de Piracicaba-SP. Resumindo um pouco a história, foi passando na Toretta Tratores em Americana-SP que me indicaram o sr. Osires como a pessoa certa para assuntos sobre o trator Ursus. E foi assim que tive meu primeiro contato com um apaixonado por trator, não só pela máquina, mas por sua história, a mecânica, o trabalho, as dificuldades e principalmente pela paixão por passar esse conhecimento adiante.

- Obviamente o sr. Osires não estava sozinho, e sempre me falava de outro apaixonado pelos tratores, o Sr. Zico Daniel, também de Piracicaba-SP. Não conheci o sr. Zico pessoalmente, mas consegui encontrar a bonita matéria que a Revista Rural fez com ele em sua edição 130 de Dezembro de 2008. Já fazem 2 anos, e com certeza mais alguns tratores ganharam nova vida nas mãos do sr. Zico Daniel. Segue a matéria:

"NOVINHO EM FOLHA"



A paixão por tratores faz mecânico investir até 20 mil reais para revitalizar tratores das décadas de 50, 60 e 70.

O trator é uma das máquinas mais usadas no campo e deve ter muita gente que não agüenta mais trabalhar em cima de uma dessas todos os dias. Por outro lado, há quem não viva sem elas. “Eu sou apaixonado por trator”. A frase é de José Daniel, conhecido como Seu Zico. Morador de Piracicaba, no interior de São Paulo, ele é dono de uma oficina mecânica e passa a semana trabalhando com carros e motos. Quando está de folga volta para a oficina, mas desta vez para cuidar exclusivamente de tratores, e dos antigos. A maior paixão de Zico é restaurar tratores, seja de 1950, de 60 ou 70. O primeiro a ser restaurado foi um Massey Ferguson 50X, de 1972. O segundo foi um Valmet 60 ID de 1970. De lá pra cá, já foram 10 tratores restaurados. “Coloco todas as peças originais, nada de substituir por peça de outro trator, senão perde a graça”, afirma Seu Zico. Mas com certeza o trator que ele mais se dedicou foi um Ford 1951 que era do próprio pai. “Quando a gente morava na fazenda aqui em Piracicaba mesmo, meu pai tinha esse trator, um Ford 1951. Quando eu tinha 11 anos a gente saiu da fazenda e o trator ficou. Há cerca de cinco anos mais ou menos, descobri que o Ford estava parado lá na fazenda. Na mesma hora, fui até lá e trouxe aqui para a oficina”, afirma o restaurador.

Mas depois de pronta, esta não durou muito na mão de Seu Zico e um colecionador de tratores fez uma oferta pela máquina que, segundo o restaurador, era irrecusável. Roberto Machni, o colecionador, levou o Ford 1951 para Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Os outros tratores já foram vendidos para empresas e colecionadores. Hoje, seu Zico está com dois tratores prontos, um Ford 1950 e um Ford 1954.

Para deixar o trator idêntico de quando saiu da fábrica pela primeira vez, com 100% das peças originais, Seu Zico já chegou a gastar mais de 20 mil reais ao restaurar apenas um trator. “Geralmente pego só a carcaça dos tratores. A maioria das peças tem que trocar e as originais têm de vir dos Estados Unidos, então acaba ficando um pouco caro, mas vale a pena”, explica. Antes de importar qualquer peça, ele procura em ferro velhos da região para tentar achar um trator semelhante que tenha a peça em condições de reutilizá-la. Quando não encontra por aqui, Seu Zico depende de amigos e conhecidos que vão aos Estados Unidos para trazer algumas peças. Porém, outras que não há como trazer, ele importa direto da fábrica.

“Conheço outras pessoas que também fazem esse trabalho, mas ninguém que restaure o trator com todas as peças originais como eu”, afirma Seu Zico. Ao ser indagado sobre a opinião da mulher em relação aos gastos de tempo e de dinheiro com a atividade, respondeu: “Ela sabe que gosto de trator. Antes de me mudar aqui para frente da oficina era pior porque eu morava longe, mas agora é mais tranqüilo porque ela sabe que estou aqui, mexendo com meus tratorzinhos”, explica.

Atualmente, Seu Zico está restaurando um Ford 54 e já tem planos para começar um Ford 56. Segundo ele, cada trator demanda cerca de dois anos para completar o serviço. “É legal quando termino o trabalho, o problema é que começo a receber propostas pelos tratores e não tem como segurar. As máquinas que vendi para colecionadores e empresas devem estar rodando por aí até hoje”, afirma Seu Zico, que garante a funcionalidade do trator. “Esses tratores que restauro duram para sempre, é só cuidar direitinho”, explica.

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