domingo, 27 de dezembro de 2009

História: Tratores UTOS e UTB

- No Brasil algum carro antigo bem raro é tratado com a mais alta fama. Isso não acontece com os tratores, os quais, em alguns modelos, são itens raros não só aqui no Brasil mas no mundo todo.

- É o caso do trator UTOS 45 que foi exportado para o Brasil pela Romênia e tem uma história bastante peculiar. Aqui no Brasil pode-se encontrar alguns exemplares ainda, mas na Romênia o trator praticamente não existe mais.

- Tive conhecimento do trator Utos quando passei por um sítio em minha cidade e me deparei com um antigo trator em um terreiro de café. Estava sem as rodas dianteiras, o capô e a grade estavam no chão e não se encontrava cor nenhuma nele, somente ferrugem.
- Na grade dianteira um emblema trazia o nome UTOS, e uma outra placa embaixo do banco identificava o ano de 1960. Tinha um motor de 4 cilindros a diesel bem grande e alguns detalhes que chamavam atenção.

- Desde então sempre procurei na internet informação para o tal trator, e infelizmente, não se encontra muito sobre o mesmo. Com o passar do tempo descobri se tratar de um trator Romeno da marca UTOS, modelo 45, original na cor vermelha e o porque de não se encontrar informação tão fácil sobre o trator.

- Curiosamente o mesmo trator foi exportado para cá em duas versões. Uma com motor de partida elétrico, e o outro com motor de partida de um cilindro e dois tempos a gasolina (o famoso motor de garupa).

- Há algum tempo atrás consegui conversar com um rapaz que reside na Romênia, e por sorte ele me passou um breve histórico da companhia que viria a produzir o trator UTOS 45.

1925 - IAR (Interprinderea Aeronautica Romana) - (Companhia Aeronáutica Romena) é estabelecida como uma companhia francesa-romena. A principal atividade era a construção de aviões.
1925-1945 - IAR constrói 19 tipos diferentes de aviões e se torna uma das grandes fábricas de aviões do mundo.
1946 - Depois da segunda grande guerra, a União Soviética toma conta de grande parte das instalações da IAR. Neste período a IAR passa a produzir tratores e seu primeiro modelo foi o trator IAR 22, desenhado pelo engenheiro romeno Radu Emil Mardarescu, que copiou um trator Hanomag. O trator IAR 22 pesava 3400 kgs e era dotado de um motor diesel de 38 HP. O primeiro trator modelo 22 saiu da fábrica em 26 de dezembro de 1946 e o milésimo exemplar do modelo foi produzido no início de 1949.
1947 - O nome IAR muda para IMS - Interprinderea Metalurgica de Stat.
1948 - O nome IMS - Interprinderea Metalurgica de Stat muda para UTB - Uzina Tractorul Brasov, onde o foco passa a ser a produção de tratores.
1950-1960 - Neste período o nome da cidade de BRASOV na Romenia muda para ORASUL STALIN. Os tratores produzidos nesta época pela fábrica recebem o nome então de UTOS - UZINELE DE  TRACTOARE ORASUL STALIN.
1960 - Após a mudança do nome da cidade para Brasov novamente, os tratores voltam a receber a marca UTB, e neste ano o primeiro trator completamente Romeno, o modelo UTB 650 com motor diesel de 65 HP é produzido.
2007 - Infelizmente a fábrica da UTB encerra suas atividades depois de diversos problemas de ordem política, econômia e social.

- No site www.automobileromanesti.ro/Tractorul/ estão relacionados os modelos fabricados pela UTB e algumas fotos também estão disponíveis!

- O trator UTOS é um veterano romeno que foi produzido pela Uzinele de Tractoare 'Ernst Thalmann' Orasul Stalin (UTB Brasov), na Romenia, entre 1957 e 1962 sob a licença da empresa soviética MTZ da então Bielo Rússia.

- Foto do trator IAR 22

- Foto do trator UTOS 45

- Foto do trator UTB 650

- Finalizando, acredito que por motivos políticos, os romenos de alguma forma não consideram este período de 1950 até 1960 quando a cidade teve o nome trocado de Brasov para Orasul Stalin, tanto que no email que recebi, o rapaz se referia a esta época como um "curto" período de tempo. O que comprova isso também é o fato de se encontrar bastante informação na Romênia sobre os tratores UTB, e quase zero de informação a respeito dos tratores UTOS.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

História: O avô e o pai dos nossos tratores

- Como já escrevi antes, a grande importação de tratores no Brasil nas décadas passadas fez com que em nosso país fossem encontrados tratores das mais variadas marcas, modelos e anos. Os dois tratores a seguir não vieram para o Brasil na época desse grande volume de importação, mas foram importados muitos anos antes e iniciaram a mecanização agrícola em nosso país.
  
- Por se tratar de dois modelos que foram produzidos alguns anos consecutivos, não sei afirmar qual é mais antigo, ou qual foi importado primeiro. Na reportagem da foto, da Revista Globo Rural de Julho de 87, eles citam o modelo Waterloo Boy como ano 1913, e o trator Moline como ano 1914. Corrigindo a reportagem, o trator Moline é um modelo Universal e só posteriormente a marca se tornou a Minneapolis Moline. Na época do modelo a marca era apenas Moline.

- Esses tratores eram provavelmente movidos a Querosene, e não gasolina conforme informa a reportagem. O querosene era o óleo diesel da América do Norte, e os dois modelos são símbolos também dos primeiros tratores americanos.



- Por curiosidade, no Brasil existe um modelo Moline Universal no campus da USP de Piracicaba (foto da reportagem e foto em preto e branco), e outro modelo (fotos abaixo), comprado por um amigo colecionador em Minas Gerais. O mesmo o reformou e colocou em funcionamento, e hoje o trator está no museu Agromen em Orlândia.


- O Waterloo Boy da reportagem da Globo Rural é o mesmo trator Waterloo Boy de uma outra matéria aqui do Blog - O Garoto de Waterloo. O trator foi doado por um agricultor ao IAC de Campinas e o mesmo foi reformado pelo sr. Wilson Krause, como citado na edição do jornal O Sulco da John Deere.






- Pode ser que não sejam os mesmos tratores e exista outro, mas eu acredito ser o mesmo trator reformado várias vezes e exposto em ocasiões diferentes, como nas fotos acima, exposto em uma edição dos anos 90 da Agrishow em Ribeirão Preto-SP e no Museu Agromen em Orlândia-SP.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fotos Antigas: MASAL - Máquinas Agrícolas Santo Antônio Ltda.

- Por email, o amigo Marcelo Fernandes, da cidade de Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul, me enviou algumas fotos das primeiras trilhadeiras fabricadas pelo sr. Leonel Barcellos. O sr. Leonel fundaria então a MASAL - Máquinas Agrícolas Santo Antônio Ltda.

- A primeira foto mostra o sr. Leonel em um trator Zetor 25, lá pelos anos de 1954, segundo me informou Marcelo. As outras fotos também são da mesma época e mostram trilhadeiras fabricadas pela Masal.

- O Rio Grande do Sul esteve sempre um passo a frente na mecanização agrícola, principalmente por sua colonização européia, e também pelo pioneirismo destes homens que criavam máquinas para substituir o trabalho manual.

- Obrigado Marcelo pelas fotos, sempre que tiver alguma história me mande que publico aqui!




- Anexo aqui mais duas fotos. A primeira abaixo trata-se de uma Trilhadeira fabricada pela Masal. A segunda foi uma invenção do sr. Leonel Barcellos, onde o mesmo, cansado de ter de rebocar a trilhadeira, resolveu unir uma colhedeira e uma trilhadeira em uma máquina automotriz, criando assim uma colhedeira. Infelizmente pelo que sei, os sócios do sr. Leonel não se interessaram em produzir a nova invenção, e o sr. Leonel então, utilizou seu protótipo para uso próprio por dez anos!



- Foto publicada em 18/03/2014. Na imagem o sr. Leonel Barcellos posa pra foto junto a sua trilhadeira auto propelida. A foto retirei da página no Facebook - Fotos Antigas de Santo Antonio da Patrulha - RS


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Catálogos Antigos: Raspadora Niveladora CBT SS 700

- Para quem imaginava que a CBT era marca só de tratores e do jipe Javali, a marca também produziu implementos como esse scraper, modelo SS 700.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Propagandas Antigas: Esso e a máquina de cortar cana

- A propaganda a seguir é da marca de lubrificantes ESSO, mas mostra a foto de uma interessante máquina de cortar cana, operada por dois trabalhadores. No pequeno comentário se diz:

"Máquina de cortar cana, capaz de produzir 200 toneladas diárias, contra as 3 toneladas conseguidas pelo processo manual. Há produtos Esso apropriados a todos os tipos de máquinas agrícolas."

terça-feira, 13 de outubro de 2009

História: Tratores Brasitália

- Eis aqui um assunto curioso. Pouco conheço sobre os tratores Brasitália e apenas cheguei a ver algumas esteiras Brasitália a venda em classificados da internet. Escrevo aqui a partir de um pedido feito em um comentário no blog, onde alguém solicitou se falar a respeito dos tratores Brasitália. Talvez criando esse tópico conseguiremos atrair pessoas que saibam mais a respeito da empresa.

- Na foto coloco um artigo que digitalizei da revista Dirigente Rural, onde a reportagem é sobre a II EXPOSIÇÃO NACIONAL DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS, realizada em Piracicaba - SP, em setembro de 1965. No artigo aparecem fotos das máquinas nacionais da época como os tratores da Massey e seus implementos, o Ford 8 BR, os tratores Fendt, as carretas da marca Pontal, e por último a foto de um curioso trator-esteira da marca Brasitália, empresa de Santo André, que apresentou na feira o protótipo 300 C, com motor MWM de 2 cilindros, de esteiras e rodas, que podiam ser usadas separadamente, sendo somente as esteiras, ou somente as rodas, e também, conjugadamente ?!?!?!?!

- Por constar no artigo que o trator era um protótipo em teste, pode ser que o mesmo não chegou a ser produzido, mas isso não se pode afirmar certamente. Somente coloco aqui o artigo com as fotos do trator como uma curiosidade dos tratores antigos realmente brasileiros!!!


- ATUALIZAÇÃO - 08/06/2010.

- Recebi do amigo e leitor do blog sr. Rodolfo duas páginas de catálogos dos tratores Brasitália, onde aparecem os modelos 300 CR, 400 CR e 300 C.

- Curiosamente na descrição da página aparece Brasitália Tratores S.A. (Empresa do Grupo Santa Matilde), e curiosamente também, os tratores são parecidos na construção, modelo e nome aos tratores Santa Matilde.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

História: Tratores à álcool

- Muita gente nem imagina, mas por volta de 20 anos atrás a Valmet lançou uma linha de tratores movida à álcool. Era o começo da produção de álcool no país. O lançamento de carros, caminhões, e até tratores que usavam o combustível foi inevitável.

- Claro que muitos destes tratores não vingaram. Os poucos que devem ter resistido foram tratores usados em usinas de álcool. Mas hoje com essa nova explosão do álcool como combustível, e grande aumento do preço do diesel, é provável que se volte a ver tratores desse tipo trabalhando!


- Explicando melhor o funcionamento desses tratores à álcool, segue aqui a informação retirada de um artigo da seção Super Auto, escrito por Arnaldo Keller, no site do jornal Primeira Mão - www.primeiramao.com.br/editorial/SuperAuto/editorial_veneno293.asp:

" Em 1983, portanto, há 24 anos, vivíamos o primeiro arranque do Proálcool – governo Figueiredo, fim da ditadura militar. Nessa época, lembro, as fábricas de tratores Valmet e Massey Ferguson lançaram seus tratores com motores a álcool. O Valmet 88 BID, com motor de bloco reforçado, pesado, de diesel, curiosamente, usava dois combustíveis, o diesel e o álcool.

Dois tanques separados, um pra cada um, duas bombas de combustível. Lembro que tinha taxa de compressão alta de 16 ou 17:1 (taxa normal dos motores a diesel). Como não tinha vela de ignição, o que provocava a queima do álcool era a queima do diesel, que, ao ser comprimido, queimava. A proporção era de 85% de álcool e 15% de diesel. Esse trator, com 90 cv de potência, gastava 10 litros dessa mistura por hora de trabalho pesado na roça. Vejam bem, 10 litros/hora.


O Massey-Ferguson 290A, usava álcool puro (que na verdade é 93% de etanol mais 7% de água – esse é o álcool normal das bombas, o tal álcool hidratado). Para tanto, seu bloco era um bloco de motor a diesel, reforçado, pesado, que tinha um cabeçote de motor do ciclo Otto, ou seja, cabeçote de motor a gasolina, com velas de ignição. Taxa de compressão de 16:1. Esse motor, também com 90 cv, gastava um pouco mais, ele gastava 12 litros/hora no trabalho pesado, ou seja, puxando arado ou grade. Vejam bem, 12 litros/hora."

** Quem desejar, continue lendo a crítica do autor aos carros flex de hoje em dia, que só gastam combustível, enganando a todos!



- Esses motores usados pela Valmet utilizavam o próprio motor a diesel, que com elevada taxa de compressão queimava o álcool.
- Já o motor da Massey Ferguson, era um motor com cabeçote com velas, ou seja, um motor a álcool de ciclo Otto.

- Aproveitando o tema, coloco aqui dois catálogos dos tratores CBT a álcool de meu acervo particular. O primeiro, modelo CBT 3000, na época dispunha de um motor V-8 Dodge / Chrysler. O segundo é um modelo 8240, já mais recente, com motor Perkins a álcool. Ambas as versões ofereciam a opção original da CBT de carregadeira de cana!






- 22/09/2010 - Enviada pelo amigo Rodolfo, a última peça que faltava neste quebra-cabeças: a propaganda do Trator Ford 4810 movido a álcool!!! Com essa propaganda acredito ter postado aqui todas as marcas que se aventuraram nessa empreitada de tratores movidos a álcool.


- 10/04/2013 - Mais um folheto interessante para essa postagem: A pequena nota da ENGESA, para os tratores modelo 1021 à álcool!


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fotos: Museo del Tractores - Argentina

- Na Argentina, especificamente na Província de Cordoba, Vila Carlos Paz, existe um museu de tratores com um acervo bem generelizado, e que pode ser conferido através do site do museu http://www.museodetractores.com.ar/

- O museu teve seu início através da enorme paixão do senhor Oscar Atilio Gomez, que por anos comprava tratores antigos abandonados pelos campos argentinos, até que em 2003 conseguiu inaugurar o museu que foi o primeiro a nível nacional na Argentina.

- A Argentina assim como o Brasil, provavelmente foi importadora dos mais diversos tipos de tratores, e das mais diversas nacionalidades. Isso explica o fato de o museu conter peças muito interessantes. Fica aqui então a dica para se visitar o site do museu e algumas fotos!



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

História: A Mecanização Agrícola no Brasil

- Continuando o assunto sobre o primeiro trator brasileiro, irei abordar agora o tema da Mecanização Agrícola no Brasil de uma forma mais ampla possível, começando então com trechos de uma matéria da revista Mundo Agrícola Nº 162 de Junho de 1965:

"A Mecanização Agrícola no Brasil"

"Foi somente após a II Guerra Mundial que, no Brasil, houve um sensível progresso no setor da mecanização agrícola , com o reestabelecimento do comércio de trocas entre o nosso País com as demais nações da América e da Europa. Acredita-se que, anteriormente ao conflito mundial, contava o Brasil com cêrca de 3.380 tratores, sendo a área total cultivada, naquela época, de perto de 14 milhões de hectares de terra. A nossa população era então da ordem de pouco mais de 40 milhões de habitantes."

"Depois do término da guerra de 1939-1945, o aumento do número de tratores tornou-se acentuado, chegando a importação, em 1951, a atingir o número de 11.142 máquinas tratorizadas, o que representava cêrca de 60% dos tratores existentes. A importação de tratores no período pós-guerra foi um tanto desordenada, tendo o nosso País recebido um número bastante considerável de máquinas sem nenhuma tradição no mercado internacional e provindas da indústria americana e européia que se transformavam de produtoras de equipamentos bélicos à produtoras de máquinas agrícolas e para outros fins. Foram inúmeros os tratores que, após poucas horas de uso, foram paralizados ou mesmo encostados por não se adaptarem às nossas condições ou pela precariedade de sua construção." (Somente essa parte já explica boa parte da história dos tratores antigos no Brasil...)

- Nesta matéria da revista Mundo Agrícola já temos uma idéia do quão desordenada foi a importação dos primeiros tratores, visto também que sua produção não era algo específico, e sim na maioria dos casos aproveitamento da indústria de veículos militares.

- Segue aqui trecho de uma matéria retirado da revista O Dirigente Rural de Jan/Fev de 1972:

"Até 1959 existiam cêrca de 150 modelos estrangeiros de tratores de diversas marcas e de diferentes tipos, obrigando o nosso agricultor a fazer as mais variadas adaptações nos escassos implementos agrícolas disponíveis. As fábricas dêsses implementos tratorizados eram relativamente poucas, pois, devido à grande diferença de um trator para outro, se tornava difícil produzir grades, arados ou cultivadores que se adaptassem a essas máquinas. Somente as indústrias de implementos de tração animal mantinham bons níveis de venda, não só pela baixa relação trator/área cultivada como também pela inexistência de concorrentes estrangeiros: os Estados Unidos e outros países desenvolvidos há muito já tinham praticamente abolido êsse tipo de mecanização."

"Outro fator que causava problemas aos agricultores era a falta de peças sobressalentes para reposição. Além de caras, pois precisavam ser importadas, demoravam muito a chegar ao País. Em virtude do excessivo número de marcas de tratores existentes, os revendedores nacionais de peças nunca possuíam estoques completos, fazendo seus pedidos por carta e ocasionando esperas de às vêzes até 4 meses. Ora, como nenhum lavrador pode esperar todo êsse tempo num período de safra agrícola, a solução era usar a tração animal, embora menos eficiente."


- Nesse trecho da revista Dirigente Rural um pouco mais "recente", ano de 1972, novamente é citado o problema com a importação de tratores das mais variadas marcas e modelos e sem nenhuma assistência para o agricultor. Pelo que se entende lendo as matérias, era o verdadeiro compre um trator e o problema é seu!

- Já nessa época de problemas, previa-se a futura "nacionalização" da produção de tratores, conforme o trecho abaixo retirado da revista Mundo Agrícola Nº 162 de Junho de 1965:

"Dentre as metas do Govêrno Juscelino Kubitschek, a da mecanização agrícola figurava de simples importação de tratores e implementos, não tendo cogitado da fabricação, no País, dêsse equipamento. Consistia, essa meta, na importação de máquinas com facilidades cambiais e em condições vantajosas de financiamento externo, dando, entretanto, grande ênfase à implantação da indústria automobilística. Após o estabelecimento desta, com a participação de todo o conjunto industrial de auto-peças, cogitou-se da fabricação do trator brasileiro. Na verdade, os primeiros ensaios sôbre a implantação da indústria do trator em nosso País, datam de 1956, quando foi criado o Grupo de Trabalho de Mecanização da Agricultura, que funcionava anexo ao Conselho de Desenvolvimento. O Decreto nº 40.260, de 01 de Novembro de 1956, estabelecia normas reguladoras da importação e distribuição de tratores e implementos agrícolas, orientando, também, a sua nacionalização progressiva."

"Em 1959, em São Paulo, foi realizado o I Simpósio sôbre a Fabricação do Trator e Implemento Agrícola no Brasil, sob o patrocínio da Secretaria da Agricultura do Estado e colaboração do Sindicato da Indústria de Tratores, Caminhões, Automóveis e Veículos Similares do Estado de São Paulo, Sociedade Paulista de Agronomia, Sindicato da Indústria de Máquinas do Estado de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, etc.
Nesse certame foram, definitivamente, estabelecidas as bases para a implantação da indústria do trator no Brasil, sendo esquematizada pelo decreto nº 47.473 de 22 de dezembro de 1959, complementado pela Resolução nº 224, de 28 de dezembro de 1959, do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística). Êsse instrumento legal, estipulava que a produção nacional de tratores agrícolas deveria iniciar-se no decorrer do ano de 1960, com uma nacionalização mínima de 70% do pêso total, incluindo motor com pelo menos 60% de seu pêso, ou alternativamente, a caixa de mudanças com 70% de seu pêso, prosseguindo o processo de nacionalização até atingir 95% do pêso do trator em 30 de junho de 1963.
O decreto previa, ainda, a importação, sem cobertura cambial, de máquinas e equipamentos, sem similar nacional, para instalação da indústria. Outro item do decreto em tela vedava a importação, a partir de 1º de Julho de 1960, de tratores completos e montados, com benefícios cambiais e fiscais."

- Dá-se início então as primeiras tentativas de se fabricar um trator nacional. Começa-se a correria com diversas marcas que já "montavam" seus tratores aqui, sendo elas: Valmet, Massey-Ferguson, Ford, Deutz (Demisa), Fendt e CBT (Oliver inicialmente).

- Anterior aos primeiros passos de nacionalização, a empresa Cockshutt canadense, e a Fiat italiana (Através da Fábrina Nacional de Motores), já mostravam interesse pela produção de tratores no Brasil, e chegaram até a apresentar propostas ao Governo Federal. Mas como nem tudo que reluz é ouro..... Dificuldades técnicas e econômicas barraram as propostas, e o Governo volta sua atenção para a importação conseguindo um empréstimo da ordem de 18 milhões de dólares do Eximbank de Washington, importando com isso de 1952 a 1955 mais de 30 mil tratores.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Propagandas Antigas: Trator Ford - Controlador de Serviço

- A propaganda já diz tudo: "Só os Tratores FORD tem o Controlador de Serviço". Certamente perto da concorrência o mostrador 5 em 1 era algo vantajoso!

- O controlador de serviço que equipava os tratores Ford na época indicava a rotação do motor, velocidade do trator (de acordo com a marcha), rotação da tomada de força, rotação da polia (qual polia??) e horímetro para as horas trabalhadas.

- Devia ser um pouco complicado ficar "caçando" os pequenos números no mostrador e se descobrir a velocidade, mas... fica aqui a bela propaganda para a época do lançamento!